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sábado, 6 de agosto de 2011

LUCHINO VISCONTI


Don Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo (Milão, 2 de novembro de 1906 — Roma, 17 de março de 1976), descendente da nobre família milanesa dos Visconti, foi um dos mais importantes directores de cinema italianos.

Índice
1 Biografìa
2 Vida pessoal e morte
3 Filmografia
3.1 Documentários
4 Teatrografìa
4.1 Direção de óperas
5 Prémios


Biografìa
Filho de Giuseppe Visconti, o duque de Grazzano, e de Carla Erba (proprietária e herdeira de uma célebre empresa farmacêutica), Luchino tinha mais seis irmãos. Prestou o serviço militar como sub-oficial de cavalaria em 1926, no Piemonte e viveu os anos de sua juventude cuidando dos cavalos de sua propriedade. Além disso, frequentou activamente o mundo da lírica e do melodrama, que tanto o influenciou.

Foi para a França onde se tornou amigo de Coco Chanel e através dela, em 1936, foi apresentado ao cineasta Jean Renoir com quem trabalhou no filme Une partie de campagne. Em 1937 passou por Hollywood antes de retornar a Roma. Na capital italiana ele trabalhou com Renoir na direcção de La Tosca.

A partir de 1940 ligou-se aos intelectuais que faziam o jornal Cinema e vendeu jóias da família para realizar seu primeiro filme, Ossessione, em 1943, com Clara Calamai e Massimo Girotti. No fim da Segunda Guerra Mundial realizou o segundo filme, o documentário Giorni di gloria. Contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar três filmes sobre pescadores, mineiros e camponeses da Sicília, acabou por fazer apenas um, La terra trema.

Em 1951 filmou Bellissima, com a grande actriz italiana Anna Magnani, Walter Chiari e Alessandro Blasetti. O primeiro filme colorido foi em 1954, Senso com Alida Valli e Farley Granger. O primeiro grande prémio da crítica chega em 1957, quando ele recebe o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza pela fita Le notti bianche, uma transposição delicada e poética de uma história de Dostoievski, com Marcello Mastroianni, Maria Schell e Jean Marais.

O primeiro êxito de bilheteira viria em 1960 com Rocco e Seus Irmãos, a saga de uma humilde família de calabreses que emigrava para Milão. Foi o filme que consagrou o actor francês Alain Delon ao lado de Annie Girardot e Renato Salvatori. No ano seguinte juntou-se a Vittorio De Sica, Federico Fellini e Mario Monicelli no filme de episódios Boccaccio '70. O episódio de Visconti é protagonizado por Tomas Milian, Romy Schneider, Romolo Valli e Paolo Stoppa.

Em 1963 dirigiu o seu maior sucesso comercial e um dos filmes mais elogiados pela crítica, o grandioso O Leopardo, com três horas de duração e extraído do romance homónimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, que conta a história da transição da nobreza para o populismo na Sicília, nos tempos da unificação italiana. O filme tem um elenco estelar onde destacam Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon.

Vagas Estrelas da Ursa, um mergulho inquieto e melancólico na capacidade dos seres sensíveis para se destruirem amorosamente, com Claudia Cardinale e Jean Sorel, realizado em 1965, foi a obra seguinte. Em 1970 ele conheceu o fracasso de uma obra sua, com O Estrangeiro, extraído do livro homônimo de Albert Camus e realiza também La caduta degli dei que lançou o actor Helmut Berger.

Com o sensível e refinado Morte em Veneza (1971), protagonizado por Dirk Bogarde e baseado na obra de Thomas Mann, ele voltou a se encontrar com o sucesso de público e de crítica. O filme conta a história de Gustav Aschenbach, um compositor que vai passar férias em Veneza, e acaba por viver uma grande e inesperada paixão, que iniciaria a sua completa destruição. O filme faz uma abordagem do conceito filosófico de beleza, assim como a passagem do tempo a importância da juventude nas nossas vidas. O filme seguinte foi o grandioso, mas decepcionante, Ludwig, com Helmut Berger e Romy Schneider. Durante as filmagens de Ludwig ele sofreu um ataque cardíaco que o prendeu a uma cadeira de rodas até a sua morte, em 1976.

Mesmo com muita dificuldade, Luchino Visconti ainda fez dois filmes, Violência e Paixão (Gruppo di famiglia in un interno) e L'innocente, sua derradeira obra, versão do romance de Gabriele d'Annunzio que registra brilhantes interpretações de Giancarlo Giannini e Laura Antonelli.

Vida pessoal e morte
Era homossexual assumido, e teve um relacionamento de muitos anos com o ator austríaco Hulmet Berger, que esteve presente em alguns de seus filmes.

Morreu na primavera de 1976, na sua residência na cidade de Roma.

Filmografia

1943: Ossessione (pt: Obsessão)
1948: La terra trema (pt: A terra treme)
1951: Bellissima (pt: Belíssima)
1953: Anna Magnani, episódio de Siamo Donne
1954: Senso (pt: Sentimento)
1957: Le notti bianche (pt: Noites Brancas)
1960: Rocco i suoi fratelli (pt: Rocco e os seus irmãos)
1961: Il lavoro, episódio de Boccaccio '70
1963: Il gattopardo (filme) (pt/br: O Leopardo)
1965: Vaghe stelle dell'Orsa... (pt/br: As Vagas Estrelas Da Ursa)
1966: La strega bruciata viva, episódio de Le streghe (As Bruxas)
1967: Lo straniero (pt/br: O estrangeiro) (1967)
1969: La caduta degli dei (pt: Os malditos / br: Os deuses malditos)
1971: Morte a Venezia (pt/br: Morte em Veneza)
1973: Ludwig (pt: Luís da Baviera)
1974: Gruppo di famiglia in un interno (pt/br: Violência e Paixão)
1976: L'innocente (pt: O intruso))

Documentários
Giorni di gloria (1945)
Appunti su un fatto di cronaca, episódio de Documento mensile n. 2 (1951)
Alla ricerca di Tadzio (1970)

Teatrografìa
Parenti terribili de Jean Cocteau (1945)
Quinta colonna de Ernest Hemingway (1945)
La macchina da scrivere de Jean Cocteau (1945)
Antigone de Jean Anouilh (1945)
A porte chiuse de Jean-Paul Sartre (1945)
Adamo de Marcel Achard (1945)
La via del tabacco de John Kirkland (de Erskine Caldwell) (1945)
Il matrimonio de Figaro de Pierre Augustin Caron De Beaumarchais (1946)
Delitto e castigo de Gaston Bary (de Fedor Michajlovic Dostoevskij) (1946)
Zoo de vetro de Tennessee Williams (1946)
Euridece de Jean Anouilh (1947)
Rosalinda o Come vi piace de William Shakespeare (1948)
Un tram che si chiama desiderio de Tennessee Williams (1949)
Oreste de Vittorio Alfieri (1949)
Troilo e Clessidra de William Shakespeare (1949)
Morte de un commesso viaggiatore de Arthur Miller (1951)
Un tram che si chiama desiderio de Tennessee Williams (1951)
Il seduttore de Deego Fabbri (1951)
La locandeera de Carlo Goldoni (1952)
Tre sorelle de Anton Cechov (1952)
Il tabacco fa male de Anton Cechov (1953)
Medea de Euripide (1953)
Come le foglie de Giuseppe Giacosa (1954)
Il Crogiuolo de Arthur Miller (1955)
Zio Vania de Anton Cechov (1955)
Contessina Giulia de August Strindberg (1957)
L'impresario de Smirne de Carlo Goldoni (1957)
Uno sguardo dal ponte de Arthur Miller (1958)
Immagini e tempi de Eleonora Duse (1958)
Veglia la mia casa, angelo de Ketti Frings (de Thomas Wolfe) (1958)
Deux sur la balançoire de William Gibson (1958)
I ragazzi della signora Gibbons de Will Glickman e Joseph Stein (1958)
Figli d'arte de Deego Fabbri (1959)
L'Arialda de Giovanni Testori (1960)
Dommage qu'elle soit une p... de John Ford (1961)
Il tredecesimo albero de André Gide (1963)
Après la chute de Arthur Miller (1965)
Il giardeno dei ciliegi de Anton Cechov (1965)
Egmont de Wolfgang Goethe (1967)
La monaca de Monza de Giovanni Testori (1967)
L'inserzione de Natalia Ginzburg (1969)
Tanto tempo fa de Harold Pinter (1973)
[editar] Direção de óperasLa vestale de Gaspare Spontini (1954)
La sonnambula de Vincenzo Bellini (1955
La Traviata de Giuseppe Verdi (1955)
Anna Bolena de Gaetano Donizetti (1957)
Ifigenia in Tauride de Christoph Willibald Gluck(1957)
Don Carlos de Giuseppe Verdi (1958)
Macbeth de Giuseppe Verdi (1958)
Il Duca d'Alba de Gaetano Donizetti (1959)
Salomé de Richard Strauss (1961)
Il diavolo in giardino de Franco Mannino sobre um libretto do mesmo Visconti, Filippo Sanjust e Enrico Medeoli (1963)
La Traviata de Giuseppe Verdi (1963)
Le nozze de Figaro de Wolfgang Amadeus Mozart (1964)
Il Trovatore de Giuseppe Verdi (1964)
Il Trovatore de Giuseppe Verdi (1964), deverso allestimento
Don Carlos de Giuseppe Verdi (1965)
Falstaff de Giuseppe Verdi (1966)
Der Rosenkavalier de Richard Strauss (1966)
La Traviata de Giuseppe Verdi (1967)
Simon Boccanegra de Giuseppe Verdi (1969)
Manon Lescaut de Giacomo Puccini (1973)

Prémios
Recebeu uma indicação ao Óscar de Melhor Roteiro Original, por " La Caduta degli dei" (1969).
Recebeu uma indicação ao BAFTA de Melhor Diretor, por " Morte a Venezia " (1971).
Ganhou 2 vezes o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu, por " Rocco e i suoi fratelli " (1960) e " Morte a Venezia " (1971).
Ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, por " Il Gattopardo " (1963).
Ganhou o Prêmio do 25º Aniversário no Festival de Cannes, por " Morte a Venezia " (1971).
Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por " Vaghe stelle dell'Orsa..." (1965).
Ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza, por " Le Notti bianche " (1957).
Ganhou o Prêmio Especial no Festival de Veneza, por " Rocco e i suoi fratelli " (1960).
Ganhou o Prêmio FIPRESCI no Festival de Veneza, por " Rocco e i suoi fratelli " (1960).

LUIS BUÑUEL


Luis Buñuel (Calanda, 22 de Fevereiro de 1900 — Cidade do México, 29 de Julho de 1983) foi um realizador de cinema espanhol, nacionalizado mexicano.[1] Trabalhou com Salvador Dalí, de quem sofreu fortes influências na sua obra surrealista.

A obra cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica mas sempre cercada por uma aura de escândalo, tornou-o um dos mais controversos cineastas do mundo, sempre fiel a si mesmo. Buñuel também influenciou fortemente a carreira do realizador conterrâneo Pedro Almodovar.

Índice
1 Biografia
1.1 Infância e juventude
1.2 Anos em Madrid
1.3 Paris e o surrealismo
1.4 Las Hurdes
1.5 Exílio na América
1.6 México
1.7 Viridiana
1.8 Regresso a França
1.9 Últimos anos
2 Filmografia
3 Prémios


Biografia

Infância e juventude

Luis Buñuel Portolés nasceu ao meio-dia de 22 de Fevereiro de 1900,[2] na aldeia de Calanda, Teruel, Espanha. Era filho de Leonardo Buñuel González, um señorito [3] e proprietário abastado que fizera fortuna em Cuba com um negócio de ferragens, e de María Portolés Cerezuela, "a rapariga mais bonita e saudável da aldeia". Pouco depois, a família estabeleceu a sua residência em Saragoça, e só ia a Calanda durante a Semana Santa e nas férias de Verão. Luis era o mais velho de sete irmãos e irmãs, com quem teve uma infância feliz, saudável e despreocupada, em contacto com a rica natureza campestre da sua terra. Teve, desde cedo, uma grande sensibilidade em relação ao inusual e ao extraordinário, e facilmente se encantava com animais, plantas e fenómenos naturais, que observava atentamente, imbuído de uma religiosidade pagã. Foi também na infância que adquiriu um enorme fascínio pela morte, quando inadvertidamente, deparou com um burro putrefacto numa valeta.


Anos em Madrid
Em 1917, Buñuel foi estudar em Madrid, instalando-se na prestigiada e elitista Residencia de Estudiantes, onde permaneceria até Janeiro de 1925. Aí conheceu várias luminárias das letras, artes e ciências espanholas e internacionais e conviveu com muitos daqueles que fizeram parte da famosa Geração de 27, tomando conhecimento das vanguardas artísticas e literárias da época — cubismo, dadaísmo e surrealismo. Foi também na Residencia que se tornou grande amigo de três camaradas e companheiros de boémia que tiveram nele (e em quem ele teve) uma influência fundamental: Pepín Bello, Federico García Lorca e Salvador Dalí. Nesses anos, Buñuel tornou-se um fanático da cultura física e do atletismo. Frequentava além disso, os cafés de Madrid e as suas tertúlias, bem assim como os seus bordéis.

Em 1920, fundou o primeiro cineclube espanhol. Em 1921, participou na representação teatral de Don Juan Tenorio, de Zorrilla, em Toledo. Em 1922, publica os primeiros textos literários, influenciados por Ramón Gómez de la Serna. Em 1924, depois de ter frequentado, sem grande convicção, vários cursos universitários, acabou por se licenciar em História.

Paris e o surrealismo
Em 1925, foi viver em Paris, onde estudou cinema e trabalhou como assistente de vários realizadores entre os quais Jean Epstein. Conhece Jeanne Rucar, sua futura mulher, com quem se casará em 1934.

Em Janeiro de 1929, Buñuel e Dalí, utilizando o método surrealista do "cadáver esquisito" escrevem o guião do filme que acabaria por ter o título de Un chien andalou (Um cão andaluz). Apesar dos desmentidos, com a sua panóplia de private jokes e sub-entendidos, o filme era um subtil mas evidente ataque a García Lorca,[5] de quem se haviam afastado, em parte porque Buñuel (machista assumido) tinha aversão à homossexualidade do poeta, tendo envidado todos os seus esforços para contrariar e sabotar a amizade amorosa que ligava aquele a um complacente Dalí. Há controvérsias quanto a esta última afirmação pois num futuro não muito distante Dalí acaba por ceder aos "encantos" da ditadura e segundo um dos filhos de Buñuel Dalí abriu mão de suas amizades em nome de dinheiro e status. Buñuel roda-o em quinze dias durante a Primavera sendo estreado a 6 de Junho em Paris, perante a nata da sociedade e da intelectualidade francesa. O filme foi um sucesso e um escândalo e durante vários meses esteve em cartaz no Studio 28. Toda a imagética surrealista (burros podres dentro de pianos de cauda, mãos cortadas, metamorfoses visuais, etc.) criara sensação e espanto. Buñuel refere que a cena inicial da navalha a cortar um globo ocular provocava desmaios na plateia, tendo mesmo chegado a ocasionar um aborto numa espectadora. A dupla é prontamente admitida no grupo surrealista de André Breton, passando a frequentar as suas reuniões semanais e a cumprir escrupulosamente os seus ditames.

No Verão de 1929, Buñuel e Dalí estão em Cadaqués a preparar um novo filme, L'Âge d'Or, subsidiado pelo visconde de Noailles. Mas a sua colaboração e amizade são depressa ensombradas pelo aparecimento de Gala Éluard, por quem Dalí se deixa enfeitiçar e influenciar totalmente. Por outro lado, a antipatia entre Buñuel e a ciumenta e intriguista Gala é instantânea e mútua, chegando aquele ao ponto, de num acesso de cólera, a tentar estrangular. Buñuel regressa a Paris onde acaba o guião e roda o filme (sem dar crédito à colaboração de Dalí), fortemente anticlerical. Uma vez exibido, cria um enorme escândalo junto da extrema-direita francesa (a sala de cinema é atacada) e da burguesia parisiense (o visconde de Noailles foi ostracizado).

Nessas obras emblemáticas estavam patentes de forma concentrada e intensíssima todos os temas básicos que a sua obra posterior continuaria a reflectir mais discretamente, mas com igual poder: o amor louco, o anti-clericalismo, a rebeldia e inconformismo diante do estabelecido e do convencional, uma ânsia de transcendência, expressos em imagens oníricas e alucinantes, cheias de dureza, de corrosivo humor negro e de uma candura embriagante.

En 1930 viajou a Hollywood, contratado pela Metro Goldwyn Mayer como «observador», com o objectivo de se familiarizar com o sistema de produção norte-americano. Conheceu Charles Chaplin e Serguei Eisenstein.

Las Hurdes
Buñuel voltou a Espanha após a proclamação da República e financiado pelo seu amigo anarquista Ramon Acín, dirigiu, em 1933, um documentário, Las Hurdes, tierra sin pan, que descrevia, de modo cru, a vida quotidiana e os costumes ancestrais de uma recôndita aldeia espanhola da Extremadura, profundamente miserável e em estado quase selvagem. As imagens e os factos descritos eram tão extraordinários e irreais, que acabariam por dar ao filme um cunho verdadeiramente surrealista. Foi um escândalo, desagradando ao governo (esquerdista) espanhol que o proibiu para grande desapontamento de Buñuel, por dar uma imagem corrompida da Espanha no estrangeiro.

Exílio na América
No decurso da guerra civil espanhola exilou-se na França, partindo em 1938 para os EUA, estabelecendo-se em Los Angeles. Em 1941 vai trabalhar como conselheiro e chefe de montagem para o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque. Contudo, a publicação em 1942 d'A vida secreta de Salvador Dalí, onde Dalí fala do caso de L'Âge d'Or e expõe as simpatias comunistas de Buñuel, causa um pequeno escândalo e faz com que este tenha de se demitir do MoMA em 1943. Buñuel confronta Dalí e pede-lhe um empréstimo de 50 dólares que o outro, obediente a Gala, recusa por carta, em que simultaneamente faz o elogio de Franco e das virtudes da Igreja Católica. Buñuel jamais lhe perdoará a traição e a mesquinhez. Em 1946, depois de ter estado em Hollywood, acaba por partir para o México.

México
No início da sua fase mexicana realizou filmes comerciais, que nada tinham a ver com os seus interesses mais profundos. Mas, em 1950 recupera a sua autenticidade com Los Olvidados, sobre a vida violenta e dura dos meninos de rua na Cidade do México, onde discretamente insere elementos surrealistas, sendo muito aplaudido pela crítica. Seguem-se Subida al Cielo (1951); o exasperante Susana (1951), sobre uma criada pérfida e intriguista; El Bruto (1952); o espantoso (e muito autobiográfico) Él (1952), sobre um señorito paranóico e louco de ciúmes (com alguma razão…); Robinson Crusoe (1953); Abismos de Pasión (1953), a sua versão de O Monte dos Vendavais); Ensayo de un Crimen (1955); Nazarín (1958), sobre uma novela de Galdós, onde insere elementos anticlericais e que foi premiado em Cannes.

Viridiana
Em 1960, sob as críticas de outros exilados republicanos, regressou à Espanha para realizar Viridiana. O filme, cuja rodagem o governo de Franco aceitou ingenuamente subsidiar e promover no Festival de Cannes, sem que algum dos responsáveis o tivesse visionado, acabou por se revelar uma paródia impiedosa dos conceitos habituais de caridade e virtude cristãs. Ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes e depressa causou um enorme escândalo na Espanha, onde foi proibido. Buñuel vingara-se, assim, de Franco de forma absolutamente imprevisível. Apesar do sucedido, Buñuel não foi perseguido pessoalmente na Espanha, onde tinha uma segunda residência.

Regresso a França
O sucesso internacional de Viridiana fez com que os europeus se interessassem pelo já esquecido Buñuel. Depois de filmar no México, El ángel exterminador (1962; O anjo exterminador) e Simón del Desierto (1965), passou a só filmar na França. Ao contrário dos seus produtores mexicanos, o produtor Serge Silberman dava-lhe total liberdade de acção. Teve também a preciosa colaboração do argumentista Jean-Claude Carrière, co-autor de todos os guiões que filmaria na França.

Em 1964, foi produzida a sua adaptação do romance de Octave Mirbeau, Journal d'une femme de chambre, onde Buñuel transporta para a década de 1930 a atmosfera decadente da história, em que uma criada de quarto (Jeanne Moreau) se submete aos caprichos fetichistas, mas inofensivos, do patrão velho (doido por botinas), e resiste tenazmente ao assédio sexual do exasperado patrão novo (Michel Piccoli), acabando por se casar com um criado pedófilo, assassino e reaccionário.

Segue-se Belle de jour (1967; A bela da tarde), segundo uma história de Joseph Kessel, em que uma jovem burguesa (Catherine Deneuve), muito frígida com o marido, se prostitui desavergonhadamente numa discreta casa de passe, dando rédea solta às suas fantasias masoquistas. Nessa ocasião, Dalí enviou-lhe um telegrama a propor-lhe uma sequência de Um Cão Andaluz. Buñuel respondeu-lhe: "Águas passadas não movem moinhos."

Em 1969, filma La Voie Lactée (A Via Láctea, também. O estranho caminho de São Tiago), relato da peregrinação de dois vagabundos franceses a Santiago de Compostela, onde Buñuel evoca a sua paixão pelo romance pícaro espanhol e onde reflecte ironicamente sobre o cristianismo e as suas múltiplas heresias.

Em 1970 Buñuel voltou à Espanha e à sua amada Toledo para filmar Tristana (Tristana, Amor Perverso), segundo um romance de Benito Pérez Galdós, em que um velho señorito (Fernando Rey) com fumaças de anticlerical e livre-pensador, seduz a sua ingénua pupila (Catherine Deneuve), vindo mais tarde a cair nas mãos dela, que não deixa de se vingar.

Em 1972, filma Le Charme Discret de la Bourgeoisie (O Discreto Charme da Burguesia), onde a alienação, a arrogância, a falta de escrúpulos, a desonestidade e a amoralidade da burguesia são objecto do seu humor negro. Buñuel introduz no filme pequenos apontamentos e historietas de carácter saborosamente surrealista e onírico. O filme ganharia o Óscar para o Melhor Filme Estrangeiro.

Em 1974, filma Le fantôme de la liberté, conjunto de historietas e episódios puramente surrealistas, que se vão sucedendo à maneira de um sonho.

Por fim, em 1976, roda Cet obscur object du désir, adaptação muito livre de La femme et le pantin de Pierre Louÿs, em que um homem maduro é manipulado e frustrado por uma jovem e desejável mulher, que o atraiçoa.

Últimos anos
Depois de ter filmado Cet obscur object du désir, Buñuel retirou-se. Estava cada vez mais surdo e a saúde começava a faltar-lhe. Sempre fora um grande bebedor e fumador,[6] e apesar da sua enorme resistência, começou a sofrer de diabetes e de cancro do fígado.

Em Novembro de 1982, o também muito combalido Dalí (Gala morrera em Junho desse ano), voltou ao ataque, enviando-lhe a seguinte mensagem:

"Querido Buñuel: de dez em dez anos envio-te uma carta com a qual não estás de acordo, mas eu insisto. Esta noite concebi um filme que podemos fazer em dez dias, não a propósito do demónio filosófico, mas do nosso diabolinho. Se te apetecer, vem ver-me ao castelo de Púbol. Um abraço: Dalí".
Resposta de Buñuel:

"Recebi os teus dois telegramas. Fantástica a ideia do filme, mas retirei-me do cinema há cinco anos e quase não saio de casa. É uma pena. Um abraço: Buñuel".
Em 1983 publicou a sua excelente autobiografia, Mon Dernier Soupir (O meu último suspiro),[7] na qual, já próximo da morte, reafirma as suas convicções. À semelhança do personagem Don Lope (o señorito ateu de Tristana), nos últimos anos da sua vida Buñuel, apesar de se declarar ateu, aproximou-se da Igreja, e um dos seus melhores amigos era um padre com quem frequentemente discorria sobre teologia e os mistérios da fé.

Morreu na Cidade do México em 29 de Julho de 1983 e, conforme os seus desejos, foi cremado e as suas cinzas dispersas.

FilmografiA
Ano Título original Título no Brasil Título em Portugal Observações
1928 Un Chien Andalou Um Cão Andaluz co-dirigdo por Salvador Dalí
1930 L'Âge d'Or A Idade do Ouro co-dirigido Salvador Dalí (embora este não apareça creditado no genérico)
1933 Las Hurdes As Hurdes
1936 ¿Quién Me Quiere a Mí?
1947 Gran Casino
1949 El Gran Calavera
1950 Los Olvidados Os Esquecidos
1951 Subida al Cielo Subida ao Céu
1951 Una Mujer Sin Amor
1951 Susana Susana, Mulher Diabólica
1951 La Hija del Engaño
1952 El Bruto O Bruto
1952 Él O Alucinado
1953 Robinson Crusoe Robison Crusoé
1953 Abismos de Pasión Escravos do Rancor
1953 La Ilusión Viaja en Tranvía A Ilusão Viaja de Trem
1954 El Río y la Muerte
1955 Ensayo de un Crimen Ensaio de um Crime Ensaio de um Crime
1956 La Mort En Ce Jardin
1956 Cela S'Appelle L'Aurore Cela s'Appelle l'Aurore
1958 Nazarín Nazarin
1959 La Fièvre Monte à El Pao
1960 Joven ou The Young One
1961 Viridiana Viridiana
1962 El Ángel Exterminador O Anjo Exterminador O Anjo Exterminador
1964 Le Journal d'une Femme de Chambre O Diário de uma Camareira Diário de uma Criada de Quarto com Jeanne Moreau
1965 Simón del Desierto Simon do Deserto
1967 Belle de jour A Bela da Tarde A Bela de Dia com Catherine Deneuve
1969 La Voie Lactée Via Láctea
1970 Tristana Tristana, uma Paixão Mórbida Tristana com Catherine Deneuve
1972 Le Charme Discret de la Bourgeoisie O Discreto Charme da Burguesia O Charme Discreto da Burguesia
1974 Le Fantôme de la Liberté O Fantasma da Liberdade
1977 Cet Obscur Objet du Désir Esse Obscuro Objeto do Desejo
[editar] PrémiosRecebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Original, por "Le Charme Discret de la Bourgeoisie" (1972).
Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Adaptado, por "Cet Obscur Objet du Désir" (1977).
Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Realizador, por "Le Charme Discret de la Bourgeoisie" (1972).
Ganhou o BAFTA de Melhor Argumento, por "Le Charme Discret de la Bourgeoisie" (1972).
Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Banda Sonora, por "Le Charme Discret de la Bourgeoisie" (1972).
Recebeu uma nomeação ao César de Melhor Realizador, por "Cet Obscur Objet du Désir" (1977).
Recebeu uma nomeação ao César de Melhor Argumento, por "Cet Obscur Objet du Désir" (1977).
Ganhou o Prémio Bodil de Melhor Filme Europeu, por "Belle de jour" (1967).
Ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, por "Viridiana" (1961).
Ganhou o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes, por "Los Olvidados" (1950).
Ganhou uma Menção Especial no Festival de Cannes, por "Joven" (1960).
Ganhou o Prémio Internacional no Festival de Cannes, por "La Fièvre Monte à El Pao" (1959).
Ganhou o Prémio FIPRESCI em 1969, no Festival de Berlim.
Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por "Belle de jour" (1967).
Ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Veneza, por "Simón del Desierto" (1965).
Ganhou o Prémio Pasinetti de Melhor Filme no Festival de Veneza, por "Belle de jour" (1967).
Ganhou o Prémio FIPRESCI no Festival de Veneza, por "Simón del Desierto" (1965).
Ganhou um Leão de Ouro Honorário em 1982, no Festival de Veneza.
Ganhou um Prémio Honorário em 1979, no Festival de Montreal, pela sua contribuição ao cinema.
Ganhou por duas vezes o Prémio Bodil de Melhor Filme Não-Europeu, por "La Fièvre Monte à El Pao" (1959) e "El Ángel Exterminador" (1962).

PIER PAOLO PASOLINI


Pier Paolo Pasolini (Bolonha, 5 de março de 1922 — Óstia, 2 de novembro de 1975) foi um cineasta italiano.

Índice
1 Biografia
2 Vida pessoal
3 A adesão ao Partido Comunista Italiano
4 Cinema
5 Morte
6 Filmografia
7 Prémios e nomeações




Biografia
Era filho de Carlo Alberto Pasolini, militar de carreira, e de Susanna Colussi, professora primária, natural de Casarsa della Delizia (Friul), ao norte da Itália.Teve um irmão Guidalberto Pasolini (1925 - 1945) que faleceu em uma emboscada lutando na Segunda Guerra Mundial. Em 1926, porém, o pai de Pasolini foi preso por dívidas de jogo, e sua mãe se mudou para casa de sua família em Casarsa della Delizia, na região de Friuli.

Vida pessoal
Em 1939 Pasolini graduou-se em Literatura pela Universidade de Bologna. Era homossexual assumido, tendo experimentado seu primeiro amor homossexual com um dos seus alunos[carece de fontes?]. Ao mesmo tempo, um estudante esloveno, Pina Kalč, se apaixonou por Pasolini.

Pier Paolo Pasolini era um artista solitário. Antes de ficar famoso como cineasta tinha sido professor, poeta e novelista. Entre seus livros mais conhecidos estão Meninos da Vida, Uma Vida Violenta e Petróleo (livro). De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos com lentes muito grossas.


A adesão ao Partido Comunista Italiano
Em 26 de janeiro de 1947 Pasolini escreveu uma declaração polêmica para a primeira página do jornal Libertà: "Em nossa opinião, pensamos que, actualmente, só o comunismo é capaz de fornecer uma nova cultura." A controvérsia foi parcialmente devido ao fato de ele ainda não ser um membro do Partido Comunista Italiano [[PCI]. Após a sua adesão aos PCI, participou de várias manifestações e, em maio de 1949, participou do Congresso da Paz em Paris. Observando-se as lutas dos trabalhadores e camponeses, e vendo os confrontos dos manifestantes com a polícia italiana, ele começou a criar seu primeiro romance. No entanto, em outubro do mesmo ano, Pasolini foi acusado de corrupção de menores e atos obscenos em lugares públicos. Como resultado, foi expulso pela secção de Udine do Partido Comunista e perdeu o emprego de professor que tinha obtido no ano anterior em Valvasone. Ficou em uma situação difícil, e em janeiro de 1950 Pasolini se mudou para Roma com sua mãe.

Cinema
Realizou estudos para filmes sobre a Índia, a Palestina e sobre a Oréstia, de Ésquilo, que pretendia filmar na África (Apontamento para uma Oréstia Africana). Seus filmes são muito conhecidos por criticarem a estrutura do governo italiano (na época fortemente ligado à igreja católica), que promovia a alienação e hábitos conservadores na sociedade. Além disso, seu cinema foi marcado por uma constante ligação com o arcaísmo prevalecente no homem moderno. Prova disso é a obra Teorema, em que um indivíduo entra na vida de uma família e a desustrutura por inteiro (cada membro da família representa uma instituição da sociedade). Dirigiu os filmes da Trilogia da Vida com conteúdo erótico e político: Il Decameron, I Raconti di Canterbury e Il fiore delle mille e una notte. Pasolini, em um determinado momento da sua vida, renegou esses filmes, afirmando que eles foram apropriados erroneamente pela indústria cultural, que os classificava como pornográficos.

Essa trilogia foi filmada na Etiópia, Índia, Irã, Nepal e Iêmen. Os filmes eram dublados em italiano. Pelo conteúdo pretensamente classificado como erótico, foi proibido nos Estados Unidos e só foi exibido na década de 80. No Brasil só foi exibido após a abertura política. Em Accattone, de 1961, Pasolini pôs em prática sua visão sobre a classe do proletariado na sociedade italiana da época. Gostava de trabalhar com atores amadores e do povo.

Morte
Foi brutalmente assassinado em novembro de 1975. Tinha o rosto desfigurado e várias lesões no corpo. Foi encontrado no hidro-aeródromo de Ostia. Os motivos de seu assassinato continuam gerando polêmica até hoje, sendo associados a crime político ou um mero latrocínio. Um processo judicial concluiu que o cineasta foi assassinado por um garoto de programa, que teria o intuito de assaltá-lo. Tal versão, porém, não se sustenta mais. Existem estudos, filmes e programas de tv que põem por terra a versão acatada pela justiça italiana. No ano de 2005, Pino Pelosi declarou não ter sido ele o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido pena como assassino confesso.

Filmografia
1958 - Giovani mariti (roteirista)
1959 - La Notte Brava (roteirista)
1961 - Accattone
1962 - Mamma Roma
1963 - La rabia
1963 - Ro.Go.Pa.G
1964 - Il vangelo secondo Matteo
1964 - Le mura di Sana (curta-metragem)
1965 - Comizi d'amore
1965 - Il padre selvaggio (curta-metragem)
1965 - Sopralluoghi in Palestina per il vangelo secondo Matteo
1966 - Uccellacci e uccellini
1967 - Edipo re
1967 - Le streghe
1968 - Apounti per un film sull'india (curta-metragem)
1968 - Capriccio all'italiana
1968 - Teorema (filme)
1969 - Amore e rabbia
1969 - Medea (filme)
1969 - Porcile
1970 - Appunti per un romanzo dell'immondezza
1970 - Appunti per un'Orestiade africana
1971 - Il Decameron
1972 - I Raconti di Canterbury
1974 - Il fiore delle mille e una notte
1974 - Pasolini e... la forma della città (curta-metragem)
1975 - Salò o le 120 giornate di Sodoma

Prémios e nomeações
Ganhou o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes, por "Il fiore delle mille e una notte" (1974).
Ganhou o Prémio de Melhor Argumento no Festival de Cannes, por "Giovani Mariti" (1958).
Ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, por "I Raconti di Canterbury" (1972).
Ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Berlim, por "Il Decameron" (1971).
Ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Veneza, por "Il vangelo secondo Matteo" (1964).
Ganhou o Prémio OCIC no Festival de Veneza, por "Il vangelo secondo Matteo" (1964).

JEAN LUC-GODARD


Jean-Luc Godard (Paris, 3 de Dezembro de 1930) é um cineasta franco-suíço reconhecido por um cinema vanguardista e polêmico, que tomou como temas e assumiu como forma, de maneira ágil, original e quase sempre provocadora, os dilemas e perplexidades do século XX. Além disso, é também um dos principais nomes da "Nouvelle Vague".

Índice
1 História
2 Filmografia
3 Prémios
4 Curiosidades
5 Ligações externas

História
Godard passou a infância e juventude na Suíça e depois estudou etnologia na Sorbonne. A partir de 1952 colaborou na revista Cahiers du Cinéma e, depois de vários curta-metragens, fez em 1959 seu primeiro filme longo, À bout de souffle (Acossado), em que adotou inovações narrativas e filmou com a câmera na mão, rompendo uma regra até então inviolável. Esse filme foi um dos primeiros da Nouvelle Vague, movimento que se propunha renovar a cinematografia francesa e revalorizava a direção, reabilitando o filme dito de autor.

Os filmes seguintes confirmaram Godard como um dos mais inventivos diretores da Nouvelle Vague: Vivre sa vie (1962; Viver a vida), Bande à part (1964), Alphaville (1965), Pierrot le fou (1965; O demônio das 11 horas), Deux ou trois choses que je sais d'elle (1966; Duas ou três coisas que eu sei dela), La Chinoise (1967; A chinesa) e Week-end (1968; Week-end à francesa). O cinema de Godard nessa fase caracteriza-se pela mobilidade da câmera, pelos demorados planos-seqüências, pela montagem descontínua, pela improvisação e pela tentativa de carregar cada imagem com valores e informações contraditórios.

Após o movimento estudantil de maio de 1968, Godard criou o grupo de cinema Dziga Vertov — assim chamado em homenagem a um cineasta russo de vanguarda — e voltou-se para o cinema político. Pravda (1969) trata da invasão soviética da Tchecoslováquia; Le vent d'Est (1969; Vento do Oriente), com roteiro do líder estudantil Daniel Cohn-Bendit, desmistifica o western e Jusqu'à la victoire (1970; Até a vitória) enfatiza a guerrilha palestina. Mais uma vez, Godard procurou inovar a estética cinematográfica com Passion (1982), reflexão sobre a pintura. Os filmes seguintes, como Prénom: Carmen (1983) e Je vous salue Marie (1984), provocaram polêmica e o último deles, irreverente em relação aos valores cristãos, esteve proibido no Brasil e em outros países.


Prémios

Ganhou o Urso de Ouro, no Festival de Berlim, por "Alphaville" (1965).
Ganhou um Urso de Prata especial, no Festival de Berlim, por "Charlotte et son Jules" (1960).
Ganhou o Urso de Prata de Melhor Diretor, no Festival de Berlim, por "À bout de souffle" (1959).
Ganhou o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, por "Prenome Carmen" (1983).
Ganhou duas vezes o Prémio do Júri, no Festival de Veneza, por "Vivre sa vie" (1962) e "La chinoise, ou plutot a la chinoise" (1967).
Ganhou em 1982 um Leão de Ouro Honorário, em homenagem à sua carreira.
Ganhou o Leopardo de Honra, no Festival de Locarno, em 1995.
Recebeu duas nomeações ao César, na categoria de Melhor Filme, por "Sauve qui peut " (1979) e "Passion" (1982).
Recebeu duas nomeações ao César, na categoria de Melhor Realizador, por "Sauve qui peut " (1979) e "Passion" (1982).
Ganhou dois Césares Honorários, entregues em 1987 e 1998.
Ganhou o Oscar Honorário, entregue em 2010.
CuriosidadesGodard ficou conhecido no Brasil pela música " Eduardo e Mônica " da banda Legião Urbana , onde Mônica cita querer ver um filme de Godard.


Filmografia
Primeiros trabalhos
1954 - Operátion Béton (curta-metragem)
1955 - Une femme coquette (curta-metragem)
1957 - Charlotte et Véronique, ou Tous les garçons s'appellant Patrick (curta-metragem)
1961 - Une histoire d'eau
1958 - Charlotte et son Jules

Nouvelle Vague
1959 - À bout de souffle
1960 - Le Petit soldat
1961 - Une femme est une femme
1962 - Vivre sa vie
1963 - Les Carabiniers
1963 - Le Mépris
1964 - Bande à part
1964 - Une femme mariée, fragments d'un film tourné en 1964 en noir et blanc
1965 - Alphaville, une étrange aventure de Lemmy Caution
1965 - Pierrot le fou
1966 - Masculine-feminine, 15 faits précis
1966 - Made in U.S.A.
1967 - Deux ou trois choses que je sais d'elle
1967 - La chinoise, ou plutot a la chinoise
1967 - Week-end

Curtas
1961 - La Paresse (episódio do filme Les sept péchés capitaux)
1962 - Le Nouveau Monde (episódio do filme RoGoPaG)
1963 - Le Grand Escroc (episódio do filme Les Plus Belles Escroqueries du monde)
1964 - Reportage sur Orly
1965 - Montparnasse-Levallois (episódio do filme Paris vu par...)
1967 - "Anticipation, ou: l'amour en l'an 2000 (episódio do filme Le plus vieux métier du monde)
1967 - Caméra-oeil (episódio do filme Loin du Vietnam)
1967 - L’Amour (Andate e ritorno dei figli prodighi) (episódio do filme Amore e rabbia)

Groupe Dziga Vertov/filmes políticos (1968–72)1968 - Le Gai savoir
1968 - Cinétracts (números 7, 8, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 23, 40) (curta-metragem)
1968 - Un Film comme les autres (reivindicado a posteriori pelo Groupe Dziga Vertov)
1968 - Simpathy for the devil (versão do produtor; há também One Plus One: Simpathy for the devil, versão de Godard)
1968 - One A.M. (One American Movie) (abandonado pelo Groupe Dziga Vertov, mas finalizado por Richard Leacock e D.A. Pennebaker em 1971 com o título One P.M.)
1969 - Communications (inacabado)
1969 - British Sounds
1969 - Pravda
1969 - Le Vent d'est
1969 - Luttes en Italie
1970 - Jusqu'à la victoire (inacabado, mas incorporado em 1974 a Ici et ailleurs, de Godard e Anne-Marie Miéville)
1971 - Schick (co-dirigido com Jean-Pierre Gorin) (filme-publicitário)
1971 - Vladimir et Rosa
1972 - Tout va bien (co-dirigido com Jean-Pierre Gorin)
1972 Letter to Jane (co-dirigido com Jean-Pierre Gorin)
SonImage (período de transição, 1974-781974 - Ici et ailleurs (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1975 - Numéro deux (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1976 - Comment ça va? (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1976 - Six fois deux, sur et sous la communication (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1a - Y’a personne
1b - Louison
2a - Leçons de choses
2b - Jean-Luc
3a - Photos et Cie
3b - Marcel
4a - Pas d’histoires
4b - Nanas
5a - Nous trois
5b - René(e)s
6a - Avant et après
6b - Jacqueline et Ludovic
1977 - Quand la gauche aura le pouvoir
1978 - France/tour/détour/deux/enfants (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)

Segunda Nouvelle
1979 - Sauve qui peut (la vie)
1982 - Passion
1983 - Prénom Carmen
1985 - Je vous salue, Marie
1985 - Détective
1987 - King Lear
1987 - Soigne ta droite, une place sur la terre

Curtas/
Vídeos
1979 - Quelques remarques sur la réalisation et la production du film 'Sauve qui peut (la vie)'
1982 - Lettre à Freddy Buache à propos d'un court-métrage sur la ville de Lausanne
1982 - Changer d'image (episódio da série Le Changement a plus d'un titre)
1982 - Scénario du film Passion
1983 - Petites notes à propos du film Je vous salue, Marie
1986 - Grandeur et décadence d'un petit commerce de cinéma
1986 - Soft and Hard (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1986 - Meetin' WA
1987 - Armide (episódio do filme Aria)
1988 - Closed (duas séries de dezessete filmes-publicitários)
1988 - On s'est tous défilé
1988 - Puissance de la parole
1988 - Le Dernier mot/Les Français entendus par... (episódio da série Les Français vus par...)
1988 - Histoire(s) du cinéma
1A - Toutes les histoires
1B - Une histoire seule

1989 – presente1989 - Le Rapport Darty
1990 - Nouvelle Vague
1990 - Marithé François Girbaud: Métamorphojean
1991 - Allemagne année 90 neuf zéro
1991 - Pour Thomas Wainggai (episódio do filme Écrire contre l’oubli) (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1992 - (Parisienne People)s (co-dirigido com Anne-Marie Miéville) (filme-publicitário)
1993 - Hélas pour moi
1993 - Les Enfants jouent à la Russie
1993 - Je vous salue Sarajevo
1995 - JLG/JLG, autoportrait de décembre
1995 - 2 x 50 ans de cinéma français (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
1996 - Espoir/Microcosmos
1996 - Le monde comme il ne va pas
1996 - For Ever Mozart
1996 - Adieu au TNS
1996 - Plus Oh!
1998 - Histoire(s) du cinéma - 1988-1998
1A - Toutes les histoires (nova versão)
1B - Une histoire seule (nova versão)
2A - Seul le cinéma
2B - Fatale beauté
3A - La Monnaie de l’absolu
3B - Une vague nouvelle
4A - Le Contrôle de l’Univers
4B - Les Signes parmi nous
1999 - The Old Place:Small Notes Regarding the Arts at Fall of 20th Century: The Old Place
2000 - L'Origine du XXIè siècle
2001 - Eloge de l'amour
2002 - Dans le noir du temps (episódio do filme Ten Minutes Older: The Cello)
2002 - Liberté et patrie (co-dirigido com Anne-Marie Miéville)
2004 - Notre Musique
2004 - Moments choisis des Histoire(s) du cinéma
2006 - Prières pour refuzniks: 1
2006 - Prières pour refuzniks: 2
2006 - Reportage amateur (maquette expo)
2006 - Vrai faux passeport
2006 - Ecce homo
2006 - Une bonne à tout faire (nova versão)
2008 - TSR - Journal des réalisateurs : Jean-Luc Godard
2010 - Film Socialisme

FEDERICO FELLINI



Federico Fellini (Rimini, 20 de janeiro de 1920 — Roma, 31 de outubro de 1993) foi um dos mais importantes cineastas italianos.[1]

Fellini ficou eternizado pela poesia de seus filmes, que, mesmo quando faziam sérias críticas à sociedade, não deixavam a magia do cinema desaparecer.

Trabalhou suas trilhas sonoras, na grande maioria das vezes, com o grande compositor Nino Rota.

Índice
1 Vida
2 Carreira cinematográfica
3 Legado
4 Filmografia
5 Prêmios e nomeações
5.1 Oscar
5.2 Globo de Ouro
5.3 Prêmio Bodil
5.4 BAFTA
5.5 Prêmio César
5.6 Prêmio David di Donatello
5.7 Festival de Cannes
5.8 Festival de Veneza
5.9 European Film
5.10 Festival Internacional de Moscou
6 Referências
7 Ligações externas

Vida
Federico Fellini, Cavaleiro da Grande Cruz (título de honra concedido pelo Governo Italiano), nascido em 20 de Janeiro de 1920 e falecido em 31 de Outubro de 1993. Conhecido pelo estilo peculiar que funde fantasia e imagens barrocas, ele é considerado uma das maiores influências e um dos mais admirados diretores do século XX.

Em agosto de 1918, sua mãe, Ida Barbiani (1896 - 1984), se casa com um vendedor viajante chamado Urbano Fellini (1894 - 1956) em cerimônia civil (com a cerimônia religiosa no mês de janeiro seguinte). Federico Fellini era o mais velho de três filhos (depois vieram Riccardo e Maria Maddalena). Urbano Fellini era nativo de Gambettola, onde, por muito tempo, Federico costumou passar as férias na casa dos avós.

Nascido e criado em Rimini, as experiências de sua infância vieram a ter uma parte vital em muitos de seus filmes, em particular em "Os Boas Vidas", de 1953; "8½" (1963) e "Amarcord" (1973). Porém, é errado pensar que todos os seus filmes contêm autobiografias e fantasias implícitas. Amigos próximos, como os roteiristas de TV Tulio Pinelli e Bernardino Zapponi, o cinematógrafo Giuseppe Rotunno e o designer de cenário Dante Ferretti, afirmam que Fellini convidava suas próprias memórias pelo simples prazer de narrá-las em seus filmes.

Durante o regime fascista de Mussolini, Fellini e seu irmão Riccardo fizeram parte de um grupo fascista que era obrigatório para todos os rapazes da Itália: o "Avanguardista". Ao se mudar para Roma em 1939, ele conseguiu um trabalho bem remunerado escrevendo artigos em um programa semanal satírico muito popular na época – o Marc’Aurelio. Foi nesse período em que entrevistou o renomado ator Aldo Fabrizi, dando início a uma amizade que se estendeu para a colaboração profissional e um trabalho em rádio. Em uma época de alistamento compulsório desde 1939, Fellini sem dúvida conseguiu evitar ser convocado usando de artifícios e truques de grande perspicácia. O biógrafo Tulio Kezich comenta que, apesar da época feliz do Marc’Aurelio, a felicidade mascarava uma época imoral de apatia política. Muitos que viveram os últimos anos sob o regime de ditadura de Mussolini, vivenciaram entre uma esquizofrênica imposição à lealdade ao regime fascista e uma liberdade pura no humor.

Fellini conheceu sua esposa Giulietta Masina em 1942, casando-se no ano seguinte em 30 de outubro. Assim começa uma grande parceria criativa no mundo do cinema. Em 22 de março de 1945, Giulietta caiu da escada e teve complicações em sua gravidez, resultando em um parto prematuro e complicado de um menino que ganhou o nome de Pierfederico ou Federichino (Federiquinho), mas que faleceu com um mês e dois dias de vida. Tragédias familiares os afetaram profundamente, como é percebido na concepção de "A Estrada da Vida" de 1954.

O italiano foi também um cartunista talentoso. Produziu desenhos satíricos a lápis, aquarela, canetas hidrocor que percorreram a América do Norte e Europa, e hoje são de grande valia a colecionadores (muitos de seus rascunhos foram inspirados durante a produção dos filmes, estimulando ideias de decoração, vestimentas, projeto do set de filmagens, etc.). Com a queda do fascismo em 25 de julho de 1943 e a libertação de Roma pelas tropas aliadas em 4 de Junho de 1944, num verão eufórico, Fellini e seu amigo De Seta inauguraram o Shopping das Caretas, desenhando caricaturas dos soldados aliados por dinheiro. Foi quando Roberto Rossellini tomou conhecimento do projeto intitulado "Roma, Cidade Aberta" (1945) de Fellini e foi ao seu encontro. Ele queria ser apresentado a Aldo Fabrizi e colaborar com o script juntamente com Suso Cecchi D'Amato, Piero Tellini e Alberto Lattuada. Fellini aceitou. Em 1948, Fellini atuou no filme de Roberto Rossellini "Il Miracolo", com Anna Magnani. Para atuar no papel de um vigarista que é confundido com um santo. Fellini teve seu cabelo tingido de loiro.

Fellini também escreveu textos para shows de rádio e textos para filmes (mais notavelmente para Rossellini, Pietro Germi, Eduardo De Filippo e Mario Monicelli) também escreveu inúmeras anedotas muitas vezes sem crédito, para conhecidos comediantes como Aldo Fabrizi. Uma fotonovela de Fellini chamada "Uma Viagem para Tulum" foi publicada na revista Crisis, com arte de Milo Manara, e publicada como gibi pela Catalan Communications, no mesmo ano.

Nos anos de 1991 e 1992 trabalhou junto com o diretor canadense Damian Pettigrew para ter o que ficou conhecida como "a mais longa e detalhada conversa jamais vista sobre filmes", que depois serviu de base para um documentário e um livro lançados anos mais tarde: "Fellini: Eu sou um grande Mentiroso". Tullio Kezich, crítico de filme e biógrafo de Fellini descreveu esses trabalhos como sendo "O Testamento Espiritual do Maestro".

Em 1993, recebeu um Oscar de Honra em reconhecimento de suas obras que chocaram e divertiram audiências mundo afora. No mesmo ano ele morreu de ataque cardíaco em Roma, aos 73 anos (um dia depois de completar 50 anos de casado). Sua esposa, Giulietta, morreu seis meses depois de câncer de pulmão em 23 de março de 1994. Giulietta, Fellini e Pierfederico estão enterrados no mesmo túmulo de bronze esculpido por Aldo Pomodoro. Em formato de barco, o túmulo está localizado na entrada do cemitério de Rimini – sua cidade natal.

O aeroporto da cidade de Rimini também recebeu seu nome.

Carreira
cinematográfica"Mulheres e Luzes" ("Luci del varietà"), de 1950, foi o primeiro filme de Fellini co-dirigido pelo experiente diretor Alberto Lattuada. Uma comédia charmosa sobre uma turma de saltimbancos itinerantes. O filme foi um estimulante para Fellini, na época com 30 anos, mas sua fraca distribuição e críticas fracas tornaram do filme um motivo de preocupação e um desastre que levou a produtora à falência, deixando Fellini e Lattuada com dívidas que se estenderam por uma década.

O primeiro filme que Fellini dirigiu sozinho foi "Abismo de um sonho" ("Lo sceicco bianco", 1952). Estrelado por Alberto Sordi. O filme é uma releitura de uma fotonovela - comuns na Itália daquela época - de Michelangelo Antonioni feita em 1949. O produtor Carlo Parlo Ponti pagou a Fellini e Tullio Pinelli para desenvolver a trama, mas achou o material muito complexo. Assim, o filme foi passado para Alberto Lattuada, que também recusou. Fellini então resolveu pegar o desafio e dirigiu o filme sozinho.

Ennio Flaiano (que também co-escreveu "Mulheres e Luzes") trabalhava um novo texto com Fellini e Pinelli. Juntos moldaram um conto de um casal recém-casado cujas aparências de respeito são devastadas por fantasias da esposa inexperiente (papel muito bem retratado por Brunella Bovo). Pela primeira vez, Fellini e o compositor Nino Rota trabalharam juntos em uma produção de um filme. Eles se encontraram em Roma no ano de 1945 e a parceria durou com sucesso até a morte de Rota durante o making of do filme "Cidade das Mulheres" em 1980. Essa relação artística foi memoravelmente descrita como mágica, empática e irracional.

Em 1961, Fellini descobriu através de um psicanalista os livros de Carl Jung. As teorias de Jung de anima e animus, o papel dos arquétipos e do coletivo inconsciente foram vigorosamente explorados no filme "8½", "Julieta dos Espíritos", "Satyricon", "Casanova" e "Cidade das Mulheres".

O reconhecido e aclamado Fellini ganhou quatro Óscares na categoria de melhor filme estrangeiro (vide filmografia), uma Palma de Ouro no Festival de Cannes com o filme "A Doce Vida", considerado um dos filmes mais importantes do cinema e dos anos 1960. Foi neste filme que surgiu o termo "Paparazzo", que era um fotógrafo amigo de Marcello Rubini, interpretado por Marcello Mastroianni.

Os filmes de Fellini renderam muitos prêmios, dentre eles: quatro Oscars, dois Leões de Prata, uma Palma de Ouro, o prêmio do Festival Internacional de Filmes de Moscou e, em 1990, o prestigiado Prêmio Imperial concedido pela Associação de Arte do Japão, que é considerado como um Prêmio Nobel. Este, cobre cinco disciplinas: pintura, escultura, arquitetura, música e teatro/filme. Com este prêmio, Fellini juntou-se a nomes como Akira Kurosawa, David Hockney, Balthus, Pina Bausch, e Maurice Béjart.

Legado
Com uma combinação única de memória, sonhos, fantasia e desejo, os filmes de Fellini têm uma profunda visão pessoal da sociedade, não raramente colocando as pessoas em situações bizarras. Existe um termo "Felliniesco" que é empregado para descrever qualquer cena que tenha imagens alucinógenas que invadam uma situação comum.

Grandes cineastas contemporâneos como Woody Allen, David Lynch, Girish Kasaravalli, David Cronenberg, Stanley Kubrick, Martin Scorsese, Tim Burton, Pedro Almodóvar, Terry Gilliam e Emir Kusturica já disseram ter grandes influências de Fellini em seus trabalhos. Woody Allen, em particular, já usou o imaginário e temas de Fellini em vários de seus filmes: "Memórias" evoca "8½", e "A Era do Rádio" é remanescente de "Amarcord", enquanto "Broadway Danny Rose" e "A Rosa Púrpura do Cairo" inspirados em "Mulheres e Luzes" e "Abismo de um Sonho" respectivamente. O cineasta polonês Wojciech Has, autor dos filmes "O manuscrito encontrado em Saragoça" (1965) e "Sanatorium Pod Klepsydrą" (The Hour-Glass Sanatorium - 1973), são notáveis exemplos de fantasia modernista e foi comparado à Fellini pela "Luxúria pura de suas imagens".

O cantor escocês de rock progressivo Fish lançou em 2001 um álbum de nome Fellini Days, com letras e músicas totalmente inspiradas nos filmes de Fellini.

O trabalho de Fellini inspirou fortemente musicalmente e visualmente a banda "B-52’s". Eles citaram que o estilo de cabelos bufantes e de roupas futuristas e retrô vem de filmes como "8½", por exemplo. A inspiração em Fellini vem também no último álbum da banda, intitulado "Funplex", (2008) com uma música que leva o nome de um de seus filmes "Juliet of the Spirits", ou, "Julieta dos Espíritos" ("Giulietta Degli Spiriti, 1965)".

Filmografia Como cineasta:

Ano Título original Título no Brasil Título em Portugal
1950 Luci del varietà* Mulheres e Luzes idem
1952 Lo sceicco bianco Abismo de um sonho O Sheik Branco
1953 I vitelloni Os boas-vidas Os Inúteis
1953 L'amore in città** Amores na Cidade Retalhos da vida
1954 La strada A estrada da vida A estrada
1955 Il bidone A trapaça O Conto do Vigário
1957 Le notti di Cabiria Noites de Cabíria As noites de Cabíria
1960 La dolce vita A doce Vida A doce Vida
1962 Boccaccio '70*** idem idem
1963 8½ Oito e meio Fellini 8 ½
1965 Giulietta degli spiriti Julieta dos espíritos Julieta dos espíritos
1968 Tre passi nel delirio****
(Histoires extraordinaires) Histórias Extraordinárias Histórias Extraordinárias
1969 Satyricon Satyricon de Fellini
ou Fellini - Satyricon Fellini - Satyricon
1969
TV Block-notes di un regista Anotações de um Diretor Diário de um Realizador
1971 I clowns Os Palhaços Os Palhaços
1972 Roma Roma de Fellini Roma de Fellini
1973 Amarcord idem idem
1976 Il Casanova di Federico Fellini Casanova de Fellini O Casanova de Federico Fellini
1978 Prova d'orchestra Ensaio de Orquestra Ensaio de Orquestra
1980 La città delle donne Cidade das Mulheres A Cidade das Mulheres
1983 E la nave va idem O navio
1986 Ginger e Fred idem idem
1987 Intervista Entrevista Entrevista
1990 La voce della luna A Voz da Lua A Voz da Lua
(*) co-creditado a Alberto Lattuada
(**) segmento Agenzia matrimoniale (Agência matrimonial)
(***) segmento Le tentazioni del dottor Antonio (br/pt:As tentações do doutor Antônio/António)
(****) segmento Toby Dammit

Prêmios e nomeações Oscar1993 - Oscar Honorário
Indicações
Melhor Diretor
1960 - A Doce Vida
1963 - 8½
1969 - Satyricon
1974 - Amarcord
Melhor Roteiro Original
1946
Roma, Cidade Aberta
Paisá
1953 - Os boas-vidas
1954 - La Strada
1960 - A Doce Vida
1963 - 8½
1974 - Amarcord

Melhor Roteiro Adaptado
1976 - Casanova
Globo de OuroMelhor Filme em Língua Estrangeira
1963 - 8½
Prêmio BodilMelhor Filme Estrangeiro
1954 - La Strada
1963 - 8½
1974 - Amarcord
BAFTA Melhor Filme
1960 - A Doce Vida
Indicações
Melhor Filme Estrangeiro
1986 - Ginger e Fred
Melhor Direção de Arte
1976 - Amarcord
Prêmio CésarIndicações
1987 - Intervista
Prêmio David di DonatelloMedalha Cidade de Rome e Prêmio René Clair
1986 - Ginger e Fred
Melhor Argumento e Prêmio Luchino Visconti
1983 - E la nave va
Festival de CannesPalma de Ouro
1960 - A Doce Vida
Prémio de 40º Aniversário do Festival de Cannes
1986 - Intervista
Grande Prémio Técnico
1972 - Roma de Fellini
Prémio OCIC - Menção Especial
1957 - Noites de Cabíria
Festival de VenezaLeão de Prata
1953 - Os boas-vidas
1954 - La Strada
Carreira Leão de Ouro (1985)
European FilmPrêmio pelo Conjunto da Obra
Festival Internacional de MoscouPrêmio Grand Prix

ROMAN POLANSKY


Roman Rajmund Polański (Paris, 18 de agosto de 1933) é um cineasta, produtor, roteirista, ator franco - polonês.

Polański iniciou sua carreira na Polônia, e depois se tornou um célebre[1] Cineasta de sucesso e prestígio na carreira, foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes e com o Oscar de melhor diretor, ambos por seu filme O Pianista, de 2002, que tem como plano de fundo o Gueto de Varsóvia, onde esteve na infância, como judeu na Polônia ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Polański é um dos melhores do mundo, conhecidos diretores de cinema contemporâneo e é amplamente considerado um dos maiores diretores de sua época.[2][3] Também é conhecido por suas polêmicas, turbulenta na vida pessoal e controversa.[4] Em 1969, a sua grávida esposa, Sharon Tate, foi assassinada pela Família Manson. Em 1977, ele foi condenado por intercurso sexual ilegal com menores, ele posteriormente fugiu dos Estados Unidos e é actualmente (desde 26 de setembro de 2009) sob prisão na Suíça, dependendo do processo de extradição.

Polańskifez o primeiro longa-metragem, Knife in the Water (1962), feito na Polónia, Polanski ganhou sua primeira indicação ao Oscar (de Melhor Filme Estrangeiro, 1963). Polanski deixou a Polônia comunista para viver na França há vários anos, antes de se mudar para a Inglaterra, onde colaborou com Gérard Brach em três filmes, começando com o Repulsion em 1965. Em 1968 mudou-se para os E.U.A., dirigindo o filme de terror Bebê de Rosemary de 1968, em Hollywood. Depois de fazer vários filmes independentes, Polanski voltou a Hollywood em 1973 para fazer Chinatown para a Paramount Pictures, com Robert Evans como produtor. O filme foi indicado para um total de 11 Oscars, estrelas como Jack Nicholson e Faye Dunaway ambos receberam indicações para seus papéis e engenhosamente desenhados roteiro de Robert Towne ganhou o prêmio de Melhor Roteiro Original.[5] A principal crítica e sucesso de bilheteria da época de sua estréia no verão de 1974, Chinatown é considerada a maior realização de Polanski como cineasta.[carece de fontes?] O próximo filme de Polanski, The Tenant (1976), foi filmado na França, e completou o seu "Apartment Trilogy", na sequência Repulsion e Rosemary's Baby.

Em 1977, Polanski foi detido em Los Angeles e se declarou culpado de relações sexuais ilegais com menores, de uma garota de 13 anos (na época ele próprio tinha 43 anos). Nos depoimentos, a menor acusou-o de drogá-la com Champanhe e Methaqualone.[6] Liberado após 42 dias, de uma avaliação psiquiátrica, Polanski fugiu para a França e teve um mandado de detenção E.U. pendentes desde 1978[7] e um mandado de captura internacional desde 2005.[8] Polanski por muitos anos evitado visitas aos países que eram susceptíveis de extraditá-lo, como o Reino Unido e viajou principalmente entre a França, onde reside, e a Polónia. Como um cidadão francês, foi protegido na França pela extradição limitada do país com os Estados Unidos.[9] Em 26 de setembro de 2009, ele foi preso, a pedido das autoridades americanas, pela polícia suíça, na chegada no aeroporto de Zurique durante a tentativa de entrar na Suíça[8] para pegar uma realização da vida "Golden Icon Award" do Festival de Cinema de Zurique.[10][11]

Depois de fugir para a Europa na sequência da sua condenação nos Estados Unidos em 1977, Polanski continuou a dirigir filmes, embora não houvesse quase uma pausa de sete anos entre 1979 a Tess (um drama romântico adaptado da novela de Thomas Hardy Tess, de 1891, do Urbervilles d', dedicado à memória de sua falecida esposa, Sharon Tate) e Os Piratas em 1986, uma comédia de aventura. Mais tarde, filmes incluem Frantic (1988), Death and the Maiden (1994), The Ninth Gate (1999), The Pianist (2002), e Oliver Twist (2005). O mais notável de seus filmes mais tarde é O Pianista, a Segunda Guerra Mundial-set adaptação da autobiografia de mesmo nome de músico judeu-polonês Wladyslaw Szpilman, cujas experiências têm semelhanças com o próprio Polanski (Polanski, como Szpilman, escapou do gueto e campos de concentração, enquanto os membros da família não). O filme ganhou três Oscar, incluindo Melhor Diretor (2002), Palma de Ouro do Festival de Cannes (2002), e sete César, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor. Também fez trabalhos ocasionais no teatro.

Foi um dos nomeados ao European Film Awards de melhor diretor por The Ghost Writer.

Índice [esconder]
1 Biografia
1.1 Crimes
2 Filmografia
3 Premiações
4 Referências
5 Ver também
6 Ligações externas

Biografia
Polański nasceu em Paris com o nome de Rajmund Liebling, filho de Ryszard Polański (também conhecido por Ryszard Liebling), de religião judaica, e Bula Polański (nome de solteira Katz), uma católica. Em 1937, a sua família voltou à Polônia. A sua mãe morreu num campo de concentração, mas ele conseguiu evitar a prisão e o envio aos campos escapando do Gueto de Cracóvia, e passou a Segunda Guerra Mundial em fuga permanente, de um lugar para o outro. Ao final da guerra estudou na Polônia, tendo concluído estudos na escola de cinema de Łódź, em 1959.

Seu primeiro filme de longa-metragem, realizado em 1962 e falado em polonês, A Faca na Água, recebeu boa acolhida da crítica e o lançou numa carreira internacional dirigindo filmes em inglês e francês.

Trabalhou como ator nos filmes Uma Simples Formalidade (1994), do diretor Giuseppe Tornatore, O Inquilino (1976), do próprio, e Dança dos Vampiros (1967), também dirigido por ele.

Casado com a atriz francesa Emmanuelle Seigner desde 1989, entre seus principais trabalhos estão Repulsa ao Sexo, O Bebê de Rosemary e Chinatown .

Crimes
Sua mulher Sharon Tate (que estava grávida de oito meses do primeiro filho do casal) foi assassinada brutalmente no dia 9 de agosto de 1969 por integrantes da Família Manson, liderada pelo psicopata Charles Manson, num dos mais famosos e bárbaros crimes da história criminal americana.

Outra polêmica na vida do cineasta é o fato de que não vai aos Estados Unidos desde 1978, por ter saído do país antes de poder ser condenado por "relação sexual ilícita com uma menor de 13 anos", e assim é considerado fugitivo da justiça. Desde então vive na França, tendo ele próprio assumido o crime em 1977, quando a adolescente tinha somente 13 anos. Polanski admitiu também ter dado champagne e drogas à menina, que relutou em tomá-las mas concordou após a insistência do cineasta. A menor, Samantha Geimer, disse ainda que chorou e pediu para ir para casa, antes de Polanski estuprá-la. Polanski admite que ela pediu para ir para casa, mas alega que o sexo foi consensual. Em 27 de setembro de 2009, a convite do Festival de Cinema de Zurique, viajou à Suíça para receber um prémio pela sua carreira cinematográfica, e acabou sendo preso pelas autoridades helvéticas sob a alegação que um mandado internacional de prisão contra ele estava em vigor, devido à condenação acima citada.

Recentemente, a atriz Charlotte Lewis se manifestou a favor da extradição de Roman Polanski para os EUA com o argumento de que ela também teria sido vítima de estupro por parte do diretor em 1986.

Filmografia
Como diretor
Ano
Filme
Indicações ao Óscar Óscar
1955 Zaczarowany rower (Bicycle)
1957 Morderstwo (A Murderer)
Uśmiech zębiczny (A Toothful Smile)
Rozbijemy zabawę (Break Up the Dance)
1958 Dwaj ludzie z szafą (Two Men and a Wardrobe)
1959 Lampa (The Lamp)
Gdy spadają anioły (When Angels Fall)
1961 Le Gros et le maigre (The Fat and the Lean)
Ssaki (Mammals)
1962 Nóz w wodzie (Knife in the Water) 1
1964 Les plus belles escroqueries du monde (The Beautiful Swindlers) — segment: "La rivière de diamants"
1965 Repulsion (filme)
1966 Cul-de-Sac
1967 The Fearless Vampire Killers or: Pardon Me, Madam, but Your Teeth Are in My Neck (Dance of the Vampires)
1968 Rosemary's Baby 2 1
1971 The Tragedy of Macbeth
1973 What? (Diary of Forbidden Dreams)
1974 Chinatown 11 1
1976 Le Locataire (The Tenant)
1979 Tess 6 3
1986 Pirates 1
1988 Frantic
1992 Bitter Moon
1994 Death and the Maiden
1999 The Ninth Gate
2002 The Pianist 7 3
2005 Oliver Twist
2007 To Each His Own Cinema (segmento Cinéma erotique)
2010 The Ghost Writer (O Escritor Fantasma (Pt-BR))
2010 Smoke on the Water
[editar] PremiaçõesRecebeu três indicações ao Oscar de Melhor Diretor, por "Chinatown" (1974), "Tess" (1979) e "O Pianista" (2002). Venceu em 2002.
Recebeu uma indicação ao Oscar Melhor Roteiro (adaptado), por "O Bebê de Rosemary" (1968).
Recebeu duas indicações ao Globo de Ouro de Melhor Diretor, por "Chinatown" (1974) e "Tess" (1979). Venceu em 1974.
Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Roteiro, por "O Bebê de Rosemary" (1968).
Ganhou o Urso de Ouro, no Festival de Berlim, com "Armadilha do Destino" (1966).
Ganhou o Urso de Prata, no Festival de Berlim, na categoria de Melhor Diretor, por "O Escritor Fantasma" (2010).
Ganhou o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio FIPRESCI, no Festival de Berlim, por "Repulsa ao Sexo" (1965).
Ganhou o Prêmio FIPRESCI, no Festival de Veneza, por "Nóz w wodzie" (1962).
Recebeu uma indicação ao BAFTA, na categoria de Melhor Diretor, por "Chinatown" (1974).
Ganhou o César de Melhor Filme e Melhor Diretor, por "Tess" (1979).
Recebeu uma indicação ao Independent Spirit Awards, na categoria de Melhor Diretor, por "A Morte e a Donzela" (1994).
Ganhou o Prêmio Bodil de Melhor Filme Americano, por "Chinatown" (1974).

TINTO BRASS


Tinto Brass, pseudónimo de Giovanni Brass (Veneza, 26 de março de 1933), é um realizador italiano. É muito conhecido pelos filmes eróticos que realizou.

Índice
1 Biografia
1.1 A juventude
1.2 Realizador
1.3 Outros filmes
2 Filmografia
3 Outros filmes
4 Outros projetos
5 Ligações externas

Biografia
A juventude
Nascido em Veneza em 26 de março de 1933 de uma família juliana, formou-se em Direito em 1957. No fim dos anos 1950 trabalhou por dois anos na Cinémathèque de Paris, aproximando-se da Nouvelle Vague. Foi tambèm ajudante de Alberto Cavalcanti.

Realizador
Foi assistente de Roberto Rossellini e Joris Ivens, e seu primeiro filme como realizador foi In capo al mondo (1963)

Outros filmes
Depois de Il disco volante de 1964; La mia signora com Alberto Sordi do 1964; o spaghetti-western Yankee do (1966); Tinto pega o caminho do cinema mais íntimo com Col cuore in gola (1967), L'urlo (1968) e Nerosubianco (1969); Dropout (1970) e La vacanza (1971). Depois destes filmes, começa o caminho erótico.

Filmografia

Monamour (2005)
Fallo! (2003)
Senso '45 (2002)
Tra(sgre)dire (1999)
Monella (1997)
Fermo posta Tinto Brass (1995)
L'uomo che guarda (1994)
Così fan tutte (1992)
Paprika (1991)
Snack Bar Budapest (1988)
Capriccio (1987)
Miranda (1985)
La chiave (1983)
Action (1980)
Io, Caligola (1979)
Salon Kitty (1975)
La vacanza (1971)
I Miss Sonia Henie (1971)
Drop Out (1970)
Nerosubianco (1969)
L'urlo (1968)
Col cuore in gola (1967)
Yankee (1966)
Il Disco volante (1964)
La mia signora (1964)
Ça ira - Il fiume della rivolta (1964)
Chi lavora è perduto (1963)

Outros filmes
Tinto foi tambèm jornalista na revista Penthouse e foi sò ator nos filmes La donna è una cosa meravigliosa de Mauro Bolognini (1964); Lucignolo de Massimo Ceccherini (1999); La rabbia de Louis Nero e Il nostro Messia de Claudio Serughetti (2008); Impotenti esistenziali de Giuseppe Cirillo (2009).

Em 1964 realizou tambèm seu único documentário político: Ça ira - Il fiume della rivolta.

GLAUBER ROCHA

GLAUBER ROCHA: O INVENTOR DO CINEMA NOVO

Glauber de Andrade Rocha (Vitória da Conquista, 14 de março de 1939 — Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1981) foi um cineasta brasileiro e também ator e escritor.



[editar] BiografiaFilho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha, Glauber Rocha nasceu na cidade de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.

Foi criado na religião da mãe, protestante, membro da Igreja Presbiteriana, por ação de missionários americanos da Missão Brasil Central.

Alfabetizado pela mãe, estudou no Colégio do Padre Palmeira - instituição transplantada pelo padre Luís Soares Palmeira de Caetité (então o principal núcleo cultural do interior do Estado).

Em 1947 mudou-se com a família para Salvador, onde seguiu os estudos no Colégio 2 de Julho, dirigido pela Missão Presbiteriana, ainda hoje uma das principais escolas da cidade.

Ali, escrevendo e atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas. Participou em programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores, e até do movimento estudantil, curiosamente ligado ao Integralismo[carece de fontes?].

Começou a realizar filmagens (seu filme Pátio, de 1959, ao mesmo tempo em que ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, hoje da Universidade Federal da Bahia, entre 1959 a 1961), que logo abandonou para iniciar uma breve carreira jornalística, em que o foco era sempre sua paixão pelo cinema. Da faculdade foi o seu namoro e casamento com uma colega, Helena Ignez.

Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema. Queria uma arte engajada ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade. Era visto pela ditadura militar que se instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo.

No livro 1968 - O ano que não terminou, Zuenir Ventura registra como foi a primeira vez que Glauber fez uso da maconha, bem como o fato de, segundo Glauber, esta droga ter seu consumo introduzido na juventude como parte dos trabalhos da CIA (Agência Americana de Inteligência) no Brasil.

Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou totalmente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador. Antes, outra irmã dele morreu, aos 11 anos, de leucemia.

Glauber faleceu vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque bacteriano, provocado por broncopneumonia que o atacava há mais de um mês, na Clínica Bambina, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital de Portugal, onde permaneceu 18 dias internado. Residia há meses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se preparava para fazer um filme, quando começou a passar mal.

[editar] O cineastaAntes de estrear na realização de uma longa metragem (Barravento, 1962), Glauber Rocha realizou vários curtas-metragens, ao mesmo tempo que se dedicava ao cineclubismo e fundava uma produtora cinematográfica.

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) são três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado dos Estados Unidos da América. Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague.

Glauber Rocha foi um cineasta controvertido e incompreendido no seu tempo, além de ter sido patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Ele tinha uma visão apocalíptica de um mundo em constante decadência e toda a sua obra denotava esse seu temor. Para o poeta Ferreira Gullar, "Glauber se consumiu em seu próprio fogo".

Com Barravento ele foi premiado no Festival Internacional de Cinema da Tchecoslováquia em 1963. Um ano depois, com 'Deus e o diabo na terra do sol, ele conquistou o Grande Prêmio no Festival de Cinema Livre da Itália e o Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco.

Foi com Terra em Transe que tornou-se reconhecido, conquistando o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha, o Prêmio de Melhor Filme do Locarno International Film Festival, e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. Outro filme premiado de Glauber foi O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o Prêmio Luiz Buñuel na Espanha.

Inventar-te-ia antes que os outros te transformem num mal-entendido.
—Glauber Rocha

[editar] FilmografiaLonga-metragens
Ano Filme Prêmios e Indicações
1962 Barravento
1963 Deus e o Diabo na Terra do Sol Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1967 Terra em Transe Vencedor Festival de Cannes: FIPRESCI
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1968 O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro Vencedor Festival de Cannes: Melhor Diretor
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1970 Cabeças Cortadas
1971 O Leão de Sete Cabeças
1972 Câncer
1975 Claro
1980 A Idade da Terra

Documentários e curta-metragens
Ano Filme Prêmios e Indicações
1959 Pátio A
1959 A Cruz na Praça
1965 Amazonas, Amazonas
1966 Maranhão 66 B
1974 História do Brasil
1974 As Armas e o Povo C
1977 Di Cavalcanti Vencedor Festival de Cannes: Melhor Curta-Metragem
Indicado: Festival de Cannes: Palma de Ouro
1979 Jorge Amado no cinema


A – Glauber estreia com um curta-metragem hermético e experimental, vertentes que logo em seguida ele renegará em favor de um cinema político, mas que reaparecerão mais tarde em filmes como Câncer e A idade da terra.

B – Documentário que registra a posse de José Sarney como governador do Maranhão. Foi financiado pelo próprio evento que marcou o início do domínio político da família Sarney no Estado, interrompido apenas em 1º de janeiro de 2007, com a posse de Jackson Lago. Em contrapartida ao discurso de posse e da multidão em celebração, o filme mostra a miséria da população a ser governada. Algumas das imagens documentais da festa foram usadas na montagem de Terra em transe.

C – Filme coletivo.
CINEMA NOVO

"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça"

Jovens frustrados com a falência das grandes companhias cinemagráficas paulistas resolveram lutar por um cinema com mais realidade, mais contéudo e menor custo. Vai nascendo o Cinema Novo.

Tudo começa em 1952 com o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e o I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Por meio desses congressos, foram discutidas novas idéias para a produção de filmes nacionais. Uma nova temática de obras já começa a ser abordada e concluída mais adiante, por uma nova fase do cinema que se concretiza na década de 50.

Essa nova fase pôde ser bem refletida a partir do filme Rio, 40 Graus(1955), de Nelson Pereira dos Santos. As propostas do neo-realismo italiano que Alex Viany vinha divulgando, foram a inspiração do autor do filme.

Um trecho do livro A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro(1981), de Carlos Roberto de Souza, expressa bem quais eram as pretensões do cinema nessa época: "Rio, 40 Graus, era um filme popular, mostrava o povo ao povo, suas idéias eram claras e sua linguagem simples dava uma visão do Distrito Federal. Sentia-se pela primeira vez no cinema brasileiro o desprezo pela retórica. O filma foi realizado com um orçamento mínimo e ambientado em cenários naturais: o Maracanã, o Corcovado, as favelas, as praças da cidade, povoada de malandros, soldadinhos, favelados, pivetes e deputados". Surgia o Cinema Novo.

Empolgados com essa onda neo-realista e frustrados com a falência dos grandes estúdios paulistas, cineastas do Rio de Janeiro e da Bahia, resolveram elaborar novos ideais ao cinema brasileiro. Tais ideais, agora, seriam totalmente contrários aos caríssimos filmes produzidos pela Vera Cruz e aversos às alienações culturais que as chanchadas refletiam.

O que esses jovens queriam era a produção de um cinema barato, feito com "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça". Os filmes seriam voltados à realidade brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da época. Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao subdesenvolvimento do país.

Outra característica dos filmes durante o cinema novo é que eles tinham imagens com poucos movimentos, cenários simplórios e falas mais longas do que o habitual. Muitos ainda eram rodados em preto e branco.

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O Cinema Novo em sua primeira fase

Na primeira fase desse movimento, os filmes começavam a abordar nessa fase uma temática voltada ao nordeste e a todos os problemas que a região abrigava. Estreiam filmes importantes com "Vida Secas" e "Deus e o Diabo na Terra do Sol".

O núcleo mais popular do cinema novo na época era composto por: Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman, David Neves, Ruy Guerra e Luiz Carlos Barreto.

Ao redor dessas personalidades, o cinema novo foi composto por três importantes fases. A primeira delas, vai de 1960 à 1964. Nesse período os filmes voltados ao cotidiano e à mitologia do nordeste brasileiro, com os trabalhadores rurais e as misérias da região. Era abordada também a marginalização econômica , a fome a violência, o opressão e à alienação religiosa. Algumas das produções que melhor expressa essa fase são os filmes Vidas Secas(1963), de Nelson Pereira dos Santos; Os Fuzis(1963), de Ruy Guerra; Deus e o Diabo na Terra do Sol(1964), de Glauber Rocha.

Vidas Secas exibe a melhor performance da direção de Nelson Pereira do Santos. A obra, uma adaptação do livro de Graciliano Ramos, representou o Brasil no Festival de Cannes de 1964, onde dominou a temática do campo.

Já o filme de Glauber Rocha, Deus e Diabo na Terra do Sol, de acordo com o livro de Carlos Roberto de Souza, A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro, era a "libertação completa da linguagem cinematográfica de seus entraves coloniais [...]. Glauber Rocha dava expansão a que o próprio instinto vital da cultura brasileira explodisse com liberdade na tela, entrando em choque mortal com o cinema estrangeiro."

Também exibido em Cannes, embora sem ter alguma premiação, o filme de Glauber Rocha foi considerado o auge do Cinema Novo e conseguiu, além de um bom público, vários elogios, inclusive da crítica francesa.

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Cinema Novo acaba, mas deixa grandes filmes na história

A boa dose de realismo e a audácia dos precursores do movimento não resistem por muito tempo à repressão da época. Mas mesmo assim, as fases finais do cinema novo trouxe grandes filmes, como Macunaíma, estrelado pelo brilhante Grande Otelo.

A Segunda fase do cinema brasileiro agora tem um novo propósito. Os cineastas analisavam agora, os equívocos da política desenvolvimentista e principalmente da ditadura militar. Os filmes também faziam reflexão sobre os novos rumos da história nacional. Nessa fase, que vai de 1964 à 1968, obras características são: O Desafio(1965), de Paulo Cezar Saraceni, O Bravo Guerreiro(1968), de Gustavo Dahl, Terra em Transe(1967), de Glauber Rocha.

Terra em Transe conquistou dois prêmios no Festival de Cannes. De acordo com depoimentos de Glauber Rocha, que aparecem na coleção 100 Anos de República, o cineasta afirma que o cinema que ele faz é contra "a ditadura estética e comercial do cinema americano, contra a mentalidade conservadora dos críticos e a favor do público, não paternalizando, ou seja, pensando que uma mensagem mastigada vai mudar a consciência e acabar com a alienação".

A Terceira e última fase do Cinema Novo, que vai de 1968 a 1972 é, agora, influenciada pelo Tropicalismo. O movimento levava suas atitudes às ultimas conseqüências e extravasou por meio do exotismo brasileiro, com palmeiras, periquitos, colibris, samambaias, índios, araras, bananas. Um marco dessa fase é o filme Macunaíma(1969), de Joaquim Pedro de Andrade. A obra se utilizava de uma das grandes figuras da chanchada, Grande Otelo, que estrelava como um herói sem nenhum caráter. Como descreve o livro A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro, de Carlos Roberto de Souza, Otelo vive "o brasileiro preguiçoso e fanfarrão, sensual e depravado, que luta para ganhar dinheiro sem trabalhar".

Mas logo a repressão política deu fim ao movimento e até alguns dos seus cineastas tiveram de se exilar. Grande parte das produções foram fracassos comerciais. Além disso, "se os diretores do Cinema Novo procuraram se adaptar às novas circunstâncias, mantendo-se fiéis um grande público, a parcela mais jovem do grupo de realizadores que se formava a sua volta recusou-se a isso", como completa o livro de Carlos Roberto de Souza. Surge então um novo movimento no país, o Cinema Marginal.