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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012




UM VALE (DES) ENCANTADO E PERFEITO PARA PERVERSÕES
“BONITINHAS”.

• O primeiro AI.

__ era noite e eu nada mais sabia! A-gosto, quente, 2001 e a gosto meu fora decidido o “fazer” do sábado, Poucos amigos - Nenhuma “amiga”, fui surpreendido com um texto na tela, uma imagem envelhecida, película amarelada, áudio DELICIOSAMENTE baixo; da tela a mim apenas três palmos ou nem isso__ não, nem isso__ e eu já estava entronizado na trama, a convite dele _ Nelson Rodrigues_ no crédito inicial, sabia da história, do autor, da CURRA, sabia da palavra, sábia palavra, palpitava-me__ ainda no crédito__ uma produção da PORNOCHANCHADA, na certa Lucélia nua, na certa Lucélia minha, em MIM.

__ FOI BATATA !!!

• O segundo AI.

Do alto de meus dezessete uma’s sensações foram provocadas n’um corpo, n’uma parte deste corpo, INSTÂNCIA pixada em n’ossa existencialidade humana, d’o Homem. na tela-ELA ainda Bonitinha, íntegra, idealizada, e por isso METADE-SÓ, na contra-t-ELA-EU, seduzido e dinâmico__ o homem era eu__ entre nós havia algo ainda não inteligível, nebuloso-notívago-e-errante, a frase do Otto, a “que tomou conta da cidade”:

... tinha mineiro,

... entrava mineiro na história

... como é mesmo ?, diz:

[O MINEIRO SÓ É SOLIDÁRIO NO CÂNCER]

_ e sendo isto verdade. Chega-se à conclusão de que [TUDO NOS É PERMITIDO].

Sinto que__ chegando n’esse estágio de minha pilera__ fazem-se necessários alguns esclarecimentos acerca desta De - produção, AH! -onde não intento uma construção psico-geográfica, tampouco uma etnografia de sensações vividas, menos ainda uma abordagem INTER-sígnica entre palavra e imagem [se é que existe esta possível dicotomia, coisa que eu duvido...]. HOJE, somente RE-construo o drama em mim, HOJE somente expelimentos A-teóricos, demasiadamente esporradas de expelimentos-SENTIDOS, e sendo assim muito ficará por dizer, pouco será afirma-a-a-a-a-a-a-a-a-do, a verdade dos fatos transformar-se-á em versão-ficção-INVENÇÃO...

... A OBRA EST´ABERTA !

... LUCÉLIA EST´ ABERTA, e em seu entorno há cinco (06) negros.

sedento-s, lascivo-s e negro-s__ e eu cego de tanto vê-la, de tanto tê-la__ em mim suada, ELA E A FRASE... e desde sempre, ao sul do meu corpo a frase do Otto, erótica, amoral, obscena e pornográfica, como EU e o CORPO, objeto e (ver na agenda).
Nelson me confidenciara, certa ocasião, que “as mãos são mais culpadas no amor, pecam mais, acariciam mais. O seio é passivo, a boca apenas se deixa beijar, o ventre apenas se abandona, mas as mãos, não. São rápidas e quentes, percorrem o corpo...”², mas devo concordar com uma outra “verdade” _ VOYER que sou _ que o olho porta-se como o “órgão mais sexual do corpo (...) É ele que provoca a mais rápida das respostas libidinosas; é nele que nascem os sentidos do erótico, do obsceno e do pornográfico”³

__ e eu BACANTE quero ver quem cansa.

[grifos meus] A amoralidade foi saída:

... noivo encomendado

... cabaço costurado

... estupro arranjado e puta sem D’ourados.

__ mas a frase do Otto, [ahhh] essa ganhou minha cidade, n’as P-artes da boa gente__ do meu asfalto__ e sobretudo nas periferias de chão d’e(N)terra, barrenta, suja, tingida de rubro-sangue, sangue de MOCINHA.

• __ O Terceiro AI_ um outro toque da trombeta: A mulher, os cinco (06) negros e a vontade da mulher..
Quis o cinema regalar-me, naquela noite, com um encontro fatal.
Autor genial __em minha ribalta__ pornochanchada absurdamente envolvente-provocante-instigante DADA a provocante temática [a imolação da pureza], Lucélia nua, um Otto instalado na sala de casa, e n’uma frase poder-se-ía definir as minhas pulsões “ORDINÁRIA’S”.

__ Não era mais o mineiro, a obra em mim era um próprio câncer !
Em minha tol-agressividade, nada havia ES- tocado com tamanha porretada, TÃO voraz, TÃO tsunâmica, TÃO etastásica...
TÃO... [1 NEGRO]
TÃO... [2 NEGRO]
TÃO... [3 NEGRO]
TÃO... [4 NEGRO] TÃO... [5 NEGRO]

Chediak, BRAS-leiro que foi, n’uma atitude [quase] herege-ateísta-agnóstica, recorta à câmera [na cena do estupro] a imagem do próprio __ CRISTO__ espúrio DE-Da’li, o Salvador. e é fato... Incorporado por um fôlego de diretor, chego a pensar que aquela Mª Cecília [primeiro nome de santa, segundo nome de santa] poder-se-ía atender pela Graça de Mª Tereza [vide escultura de Gian Lorenzo Bernini). Tudo o por quê D’estas conseguirem encarnar com maestria a iconografia do femininos nas re-(a)-presentações de êxtase, agonia e morte, remetendo-me primaria-MENTE a uma interdição do corpo mediante a única possibilidade existencial deste último, o corpóreo-espitritual. __ socorrida pela matéria renascentista de Lucélia.

__ AVE !!!

Sem intento de concluir meu relato, creio ser este o princípio de uma ardente empreitada onde o caminho final nem ouso imaginar, e nem faço força para tal.Sei, de tudo__ que ela é Bonitinha, que é Ordinária... a obra-corpus, ELA e os outros 16 atos da obsessão de Nelson-MEU, ...e eu hoje [e desde a primeira leitura] sou um chão, por onde passam Nonô’s, Lígia’s, Arlete’s, Noronha’s, Peixoto’s, Alaíde’s, Boca’s, Guida’s, Zulmira’s, Rute’s, Geni’s, Engraçadinha’s, Jonas, Senhorinha’s, Gilberto’s, Doroteia’s, Arandir’s, Moema’s, Glorinha’s... Todos per mim, TODOS-EU, despedaçados em estilhaços de santos e canalhas...

_ E EM MIM, QUE SOU HUMANO!

demasiadamente humano

REFERÊNCIAS
¹- Imagem disponível em: http://www.picsearch.com/pictures/Celebrities/Artists%20and%20Painters/Artists%203/Robert%20Mapplethorpe.html, capturada em 21/09/2011.
²- RODRIGUES, Nelson. Senhora dos Afogados (1947), em Nelson Rodrigues: Teatro Completo, vol. 2: peças míticas. Org. Sábato Magaldi. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1981.

³- MEDEIROS, Afonso. O imaginário do corpo entre o erótico e o obsceno: Fronteiras Líquidas da Pornografia. Goiânia, 2008. 1v.- (Coleção desenredos; 4).

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